Somos julgados desde nosso nascimento. Ao primeiro choro, à primeira careta, ao primeiro gemido, já nos julgam: "Essa criança vai ser difícil!", "Esse bebê já nasceu manhoso!", "Esse neném tem personalidade!", "Pelo jeito vai dar um trabalho!", "Não vai ter voz para nada!", "Vai parecer com fulano ou sicrano!" e assim por diante. Igualmente, da mesma forma como já nascemos sendo julgados, vemo-nos constantemente julgando outros, gratuitamente.
E, neste ato impensado de julgar, não raro nos deparamos com surpresas: gratas ou ingratas. É muito comum realizarmos pré-julgamentos de pessoas e, horas ou dias depois, percebermos que estávamos errados. Não era nada daquilo.
O pré-julgamento geralmente é abalizado em nossas próprias experiências (empirismo) ou em nossos anseios e desejos, que não necessariamente são pautados na realidade, no que é concreto. Vamos exemplificar:
Vemos um novo funcionário, ou um novo aluno da escola de cara fechada, introspectivo, não dado a muitas palavras. Se ele está bem vestido, dizemos: "Nossa, como é metido!". Se ele não está tão bem vestido, dizemos: "Ela parece ser uma pessoa problemática!". Entretanto, momentos depois percebemos que se tratava apenas de timidez, ou ele(a) estava passando por um momento difícil, delicado da vida, ou ainda, era a forma inicial de a pessoa se integrar ao novo ambiente até se "soltar". Veja: dedicamos parte de nosso tempo, pensamos e falamos mal, para depois reconhecermos que estávamos enganados. Talvez, isso tenha ocorrido porque tínhamos um registro na memória de alguém que era assim e passamos a "multiplicar" essa imagem sem deixarmos espaço para novas experiências, entendendo e aceitando a idéia que pessoas são diferentes em suas essências, em suas virtudes e em suas deficiências.
Ou quando vemos, à distância, alguém atraente, sorridente, comunicativo e vemos nessa pessoa a mulher ou o homem de nossas vidas. Empenhamo-nos ao máximo em conquistar e tê-la conosco. Daí, ao conseguirmos, começamos a perceber que ela não é exatamente aquilo que imaginávamos: é uma pessoa fria, talvez não muito dada à fidelidade, ou possui vícios, não é tão afável quanto parecia ser. Porém, quando acordamos, já estamos tão envolvidos que fica difícil sairmos do relacionamento e sofremos suas conseqüências. Tudo isso, por termos nos deixado levar única e exclusivamente por nosso pré-julgamento. Não demos o devido tempo para tudo se tornar claro.
Indo ainda nesse exemplo, o do relacionamento, quantas vezes já tomamos julgamentos precipitados levando a discussões, às vezes rompimentos, até identificarmos que tudo não passou de um mal entendido? Nem sempre um bilhete no bolso, um e-mail, um torpedo ou um telefonema é o que parece. É provável que, neste caso, o que deve se colocar na balança não é a fidelidade do parceiro(a) e sim nossa insegurança.
Exemplos são inúmeros. Talvez, enquanto tenha lido essas linhas, diversos exemplos e situações lhe vieram à mente. Então, comece a pensar que deve parar com esse pré-julgamento e com ações baseadas unicamente nele. Atente-se à essência das pessoas, dê tempo ao tempo, não se precipite.
Lembre-se que ao fazer julgamentos, você poderá também, pela intensidade de teu pensamento, estar profetizando sobre a pessoa. Em outras palavras, fazer com que a pessoa seja ou aja conforme você disse que iria ser: para o bem ou par o mal.
O convite aqui, não é para você ser uma pessoa ingênua, acreditando em tudo e em todos. Muito menos que saia fazendo sentenças maldosas sobre outros. Antes, procure o caminho do meio. Mostre equilíbrio. Emane o bem. É bem possível que se emitir pensamentos positivos sobre alguém, eles venham, conforme a intensidade, a ajudar a transformá-lo em alguém melhor.
Já se dizia: "Não julgue para não ser julgado"...
Que o GRANDE JUIZ seja contigo e em ti, hoje e em todos os dias da tua vida!
Yedidyah