Corpos estranhos passaram a frequentar o céu. Cada um, de tamanhos diferentes, invariavelmente, interrompia os raios de Sol. Eclipses temporários. Repentinos.
No berço em que se encontravam, poucos deram a devida atenção. É bem verdade que no início, cada corpo celeste que aparecia, muito barulho se fazia. Mas, aos poucos, os observadores passaram a se acostumar com a presença, e já que o Sol se mantinha, entendiam e compreenderam que tal como as nuvens cobrem o Sol por pequenos ou grandes intervalos de tempo, assim também seriam tais corpos. E tudo se deu.
Entretanto, a massa que neles havia e a força gravitacional que possuíam, lenta e imperceptivelmente, estavam alterando fluxos naturais e influenciando a vida no planeta.
Mas, parecia ser tarde. As marés se mostraram mais espaçadas e o volume das águas mudava com maior intensidade, seja para maior seja para menor. Com isso, a faixa de areia que delimitava os espaços, já não exercia mais sua função. O que era antes local de moradia ou estada, teve de ceder ao mar. Recifes perderam sua vivacidade.
As plantações tiveram suas colheitas totalmente desreguladas e os animais tinham o seu descanso perturbado. Curiosamente, ainda que assim estivesse, os que no berço se encontravam eram os únicos que, de fato, se incomodavam com isso. No entanto, ao crescerem iam se adaptando a esse novo estado, a esta nova forma de interagir com o todo. Felizmente, dentre estes, alguns ainda se recordavam desse seu momento primeiro e traziam consigo uma leve inconformidade.
Um deles levantou a bandeira e gritou. Os que o ouviram viraram suas cabeças em direção, mas poucos andaram em sua direção. E um grande mover se viu acontecer. Redes eram lançadas sobre tais corpos celestes e eles eram puxados ao chão. Alguns, ao mar.
E os que assim haviam se habituado viver, lançaram calúnias, levantaram suspeitas, armaram complôs, movimentavam a massa contra tal mover. Alegavam que o Sol jamais poderia voltar a brilhar como antes e se assim voltasse, os povos e todo o planeta seriam consumidos pelo calor e pela luz.
Até que, pouco a pouco, os olhos e peles foram se acostumando, já que tal era a condição primeira constante em seus DNAs. E a ordem passou a se instaurar e os ciclos naturais já eram mais amenos e coerentes com o todo.
Diante disso, aquele que havia erguido a bandeira voltou ao céu sem, em nenhum momento, obstruir os raios que o Sol emitia.
Que o SÁBIO seja contigo e ainda maisem ti, hoje e em todos os teus dias!
Yedidyah